segunda-feira, 26 de novembro de 2007

DEUSES.


Não escrevo com tinta. É antes bílis amarelo-negra de incompreensão, de tumulto intimo. Que busca o eco da força dos perfumes, das casas onde vagam as paixões, as roupas de outro tempo, as luzes, jóias, floreios de danças. Das camas onde repousei meu corpo. Ainda que derrube os ídolos e destrua os templos, não matarei os deuses. Que, dissolutos, iam enredando a trama da minha poesia, depurando o pouco verbo entre o crer e o descrer. Porque assim quis o destino, e sobre minha fragilidade moldou um poeta de sentimentos nobres e vãs palavras. Abala-se a fé mas os deuses não morrem, e isso há de excepcional, pois que seguem destilando a palavra, cálido afeto. E a verdade, a vida, a imortalidade e o arrependimento, que de resto não dura mais que um dia ou dois. - (Dário B.).
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