terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2011





Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realiza-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. 

Uma só idade para a gente se encontrar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa. – (Mário Quintana.)



Tomo emprestadas as palavras do Quintana, que julgo mais que adequadas ao momento. A todos que passam por aqui, espero que todos os desejos que tem, façam parte de suas vidas no ano que se inicia. Beijos e abraços a todos, obrigado por estarem aqui.



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CONTA





Quando morrer
Tudo acaba
Tudo finda
Ao chegar
Nada trouxe
Vou levar
Menos ainda.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

GRATO




Quero deixar aqui minha gratidão a Mari, do blog “Mari In The Sky With Diamonds” (quem não conhece está perdendo), pelo novo banner do blog, primeiro presente de aniversário que ele recebe. Obrigado Mari, pelo carinho. 



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ANO NOVO





O rei chegou
E já mandou tocar os sinos
Na cidade inteira
É pra cantar os hinos
Hastear bandeiras
E eu que sou menino
Muito obediente
Estava indiferente
Logo me comovo
Pra ficar contente
Porque é Ano Novo
Há muito tempo
Que essa minha gente
Vai vivendo a muque
É o mesmo batente
É o mesmo batuque
Já ficou descrente
É sempre o mesmo truque
E quem já viu de pé
O mesmo velho ovo
Hoje fica contente
Porque é Ano Novo
A minha nega
Me pediu um vestido
Novo e colorido
Pra comemorar eu disse:
Finja que não está descalça
Dance alguma valsa
Quero ser seu par
E ao meu amigo
Que não vê mais graça
Todo ano que passa
Só lhe faz chorar
Eu disse:
Homem, tenha seu orgulho
Não faça barulho
O rei não vai gostar
E quem for cego
Veja de repente
Todo o azul da vida
Quem estiver doente
Saia na corrida
Quem tiver presente
Traga o mais vistoso
Quem tiver juízo
Fique bem ditoso
Quem tiver sorriso
Fique lá na frente
Pois vendo valente
E tão leal seu povo
O rei fica contente
Porque é Ano Novo – (Chico Buarque do Brasil.).




Aos meus (poucos) fiéis seguidores, e àqueles que de passagem caem aqui por descuido ou poesia, peço que a Força Superior que nos mantém, a quem eu chamo de Deus, que lhes proporcione de verdade tudo aquilo que necessitarem no próximo ano. Apenas isso, nada de desejos genéricos, a cada qual o que for preciso. Pessoalmente desejo que 2011 não traga nenhuma saudade de 2010. Obrigado por tudo, um forte abraço e um beijo para cada um de vocês.



sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

ESCUTA





Gosto quando calas, e fica entre nós um silencio de tecido espesso. Gosto quando falas, um tinir de frescos cristais como ouviu Chopin antes de compor os seus noturnos. Se choras é como se eu morresse um pouco a cada soluço, que soluço contigo. Quando brincas é o reverso da tempestade, fulge ao teu redor poeira cósmica de alegria. Mas quando me olhas séria, é o melhor. Consigo entender o mudo pedido do teu olhar, e então tenho certeza.



terça-feira, 30 de novembro de 2010

VERSOS SIMPLES




Traduzir poesia é sempre um risco, traduzir e tentar rimas é ousadia demais. No entanto acho que vale a pena e dou a cara a tapa. Decerto há outras traduções melhores que esta minha versão quase livre. O fato é que gosto de José Martí e dos seus “Versos Sencillos”, gosto de imaginar as circunstancias em que foram escritos, frutos de um pensador, jornalista, advogado e poeta, títulos que desmentem a simplicidade dos versos. Morreu aos 42 anos, a frente de um grupo de patriotas cubanos, lutando contra os espanhóis. Depois de morto, a exemplo de Tiradentes no Brasil, também teve seu corpo mutilado pelos soldados inimigos. É por isso considerado o mártir da Independência Cubana.

VERSOS SIMPLES

Eu sou um homem sincero
De onde cresce a palma,
E antes de morrer eu quero
Deixar os versos da minh’alma

Com os pobres da terra
Quero meus versos deixar
Pois o riacho da serra
Me dá mais prazer que o mar

Meu verso é de um claro verde
E de um carmim flamejante:
Meu verso é cervo ferido
Quem busca amparo no monte.

Meu verso ao valente agrada
Meu verso breve e sincero,
Tem a dureza do ferro
Do qual se funde a espada.

Venho de todos os lugares
E a todos lugares vou
Arte sou entre as artes
Entre os montes monte sou.

Eu sei os nomes estranhos
De todas ervas e flores
De todos fatais enganos
E todas as sublimes dores.

Senti na noite escura
Chover na minha fronte
Raios de chama pura
Vindos da divina fonte.

Vi nascer asas nos ombros
Das mulheres formosas
E em meio aos escombros,
Sair voando as mariposas.

Vi um homem vivendo
Com um punhal no costado,
Sem nunca dizer o nome
Daquela que o havia matado.

Por duas vezes tive a alma
Passando nos olhos meus
Quando vi morto meu pai
Quando ela me disse adeus.

Gozei de uma vez de tal sorte
Que gozei como nunca: - Quando
A sentença da minha morte
O oficial ordenou chorando.

Eu ouço um suspiro
em meio a terra e o mar
E não é um suspiro: - É
Meu filho que vai acordar.

Se dizem que do joalheiro
Se tome a joia melhor
Eu tomo um amigo sincero
E deixo de lado o amor.

Vi a águia ferida
Voando no azul sereno,
E morrendo no seu covil
A cobra do próprio veneno.

Sei que quando o mundo
Cede pálido ao descanso
No silêncio profundo
Sussurra o arroio manso.

Coloquei a mão ousada,
De medo e júbilo hirta
Sobre a estrela apagada
Que caiu rente a minha porta.

Escondo em meu peito valente
A mesma pena que o fere
Filho de um povo escravo
Vive para isso, sofre e morre.

Tudo é belo e constante
Tudo é música e razão,
E tudo, como o diamante,
Antes de luz é carvão

Sei que o tolo é enterrado
Com luxo e grande pranto.
E não há melhor fruto na terra
que o que brota no campo santo.

Calo, entendo, me aposso
Da pompa do rimador
E penduro num galho seco
Meu diploma de doutor. – (José Martí.).



Você pode ler os originais aqui: http://www.exilio.com/Marti/Marti.html , alguem pode reconhecer alguns versos aqui também: http://www.youtube.com/watch?v=mSq9dbbfE2k





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