Quem escreverá a historia que podia ter sido? Agora quando grito para dentro de mim esperando pelo eco ouço apenas o vazio. Era um cofre que quase não se podia fechar de cheio, pobre esquife agora, restos de tábuas trabalhados as pressas. Vim ao mundo como quem é posto na roda dos enjeitados. Sem régua, compasso, bússola ou dez mandamentos. E embora sempre sentisse muito, nunca tive o que sentir. Toquei e vi mais do que meus olhos e agora tenho medo em pensar o que me restará disso. Cada momento é como sangue novo sob o velho açoite, é como querer beber o fundo do poço que não tem fundo, como navalhas que vem pelo ar com destino certo. E descubro que a vida enjoa. E tenho pena daqueles que rogam aos céus por longevidade e saúde. Pena deste amontoado de gente nas ruas, tão bem vestidos para cobrir a angustia interior, gastando maravilhados um dinheiro que não possuem em inúteis lindas coisas empilhadas nas vitrines. A vida enjoa e eu pasmo de o mundo não ter parado mesmo acontecendo tudo o que me acontece. Tem alguma coisa de errado nisso e eu só consigo pensar em como seria bom dormir, mas dormir a valer, per omnia sécula seculórum. - (Dário B.).
É um lindo poema, fiquei um bom tempo vindo ler algo novo e não achava, ai qdo chego hoje me deparo com esse poema/texto maravilhoso cuja determinada frase me chamou muita atenção: " E descubro que a vida enjoa. " Fiquei pensando em como não paramos para perceber que a vida se torna a cada dia uma rotina e toda rotina enjoa uma hora, lembrei-me das pessoas falando qdo alguém dorme eternamente, elas sempre dizem que a pessoa foi mto cedo, mas digo, cedo, ela já estava mesmo é enjoada da vida e resolveu dormir, dormir por séculos sem ter mais que se preocupar com as coisas supérfluas...
ResponderExcluirObrigada a agradável leitura que me oferece a cada dia querido...
Bjokas...
Lembrei deste soneto...
ResponderExcluirA leve esperança em toda a vida
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos
Soneto de (Vicente de Carvalho)
é como ler às avessas..
ResponderExcluirDe um modo mais apurado aos sentidos
É como se pudesse pegar com a mão as palavras que distribui pelo enredo do poema.
gosto(euamumuitotudoisso)
Ps: faltava o meu(?) não falta mais(!)
Embora seja bom ler às escondidas(...)
Beijo!
Ecos, sons de infinitude. Lindas palavras foram sagraçoes a minha retina.
ResponderExcluirBeijos de pó de ouvir.
Se dormisse, como iria me encontrar?
ResponderExcluir;*