Era um homem que amava sem esperanças. Tinha-se encerrado inteiramente em si mesmo e imaginava que se ia consumindo na chama de seu amor. O mundo desapareceu para ele. Não via o céu nem o bosque verde; não ouvia o murmúrio dos regatos nem o som da harpa; tudo em seu redor se havia desfeito, deixando-o abandonado e miserável. Seu amor cresceu, contudo, de tal maneira, que preferiu consumir-se à posse daquela mulher. E então sentiu que sua paixão devorava em si tudo aquilo que não fosse amor, tornava-se poderosa e impunha à amada distante uma imperiosa atração, fazendo-a correr para si. Mas quando abriu os braços para recebe-la, achou-a transformada, e viu, e sentiu, surpreendido, que atraíra para si todo o mundo perdido. Lá estava o mundo diante dele, ofertando-se por completo; céu, bosque e regato voltavam a ele com novas cores, cheios de vida e de luz, pertenciam-no e falavam a sua linguagem. E em vez de ganhar apenas uma mulher, tinha o mundo inteiro em seu coração e cada uma das estrelas do céu resplandecia nele e irradiava prazer em toda a sua alma... Havia amado, e amando encontrara a si mesmo. Mas a maioria dos homens amam para se perder em seu amor. - (A/D).
Sou adepta do amor benévolo. rs
ResponderExcluirSe bem que minha vocação é esse outro amor perdido...
Ahhh, teoria e prática...
Desgraçado paradoxo!
Beijos, querido!
o título tanto contrasta quanto constata a riqueza da oração.
ResponderExcluirlembrei-me do drummond:
" amar o perdido
deixa confundido
este coração.
beijo, poeta!
A posse é uma grande prisão ...
ResponderExcluirAh, alado... Perder-se no próprio amor...
ResponderExcluirPassarei um tempo pensando nisso!
Abraço iluminado!
"Havia amado, e amando encontrara a si mesmo"!Lindo, Dário.Amar o outro e um encontrar-se.
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