domingo, 10 de fevereiro de 2008

GOTEIRAS.

Os poemas, já estavam prontos? Escritos por quem? Talvez sejam uma goteira do céu apenas, no quarto vazio que conta a partida, chuva da rua cinza e casas baixas, ao vento papéis velhos, tremulas arvores, sons de passos medrosos que ando em busca de outra rua, mais clara, de claros olhos sem pudor onde a treva cesse. Uma boca de murmúrios, rosto pálido, mágicas mãos, frias agora, onde busco a ausência do sofrimento, um vago beijo de carinho. É a mesma, sempre nova, calada, crendo em mim. Caminho até um depois de amanhã que nunca chega. No quarto, a goteira... - (Dário B.).

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

ACONTECE.

ACONTECE. // Eu não posso. Não devo fazer. Mas acontece. De novo o exílio no teu corpo, na tua voz que me sossega a alma, o desejo ardendo em fogo brando, no teu cheiro que invento. A tua boca numa incandescencia rubra, o teu corpo transbordando em veneno. Eu não posso. Não devo. Mas a ação é diferente de quem a pratica. Bebo-me, no suor que pinga do lábio, devoro-me na fome do corpo, a alma pula como um feto febril, estanco o sangue vertido com minha sombra, e acontece. - (Dário B.).
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