sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

SONHO

Todos os sonhos querem ser sonhados. Uma noite um deles, desconhecido, me disse: “- Há muito tempo que espero. Sonhe-me, vale à pena.” Eu obedeci; e era a mais grandiosa de todas as sinfonias, aquela que ainda está para ser composta; e era todos os sabores perdidos da infância, e aqueles que ainda vão ser provados; e era todas as cores que pingaram da paleta dos mestres; e era tão lindo de olhar que eu só pude murmurar: “- Me ajude a ver.”; ...e você disse: “-Sim.” – (Dário B.).

domingo, 10 de agosto de 2008

DARIOGRAMA.

Me mata
Me vive
Sou campo eterno
Sou campa
Sou berço
Me desordena
Me estorva
Sou matéria
Sou sangue
Sou libertino
Me come
Me bebe
Sou pão
Sou vinho
Sou saciedade
Acorda
Pulsa
Me ama! -(Dário B.).

domingo, 10 de fevereiro de 2008

GOTEIRAS.

Os poemas, já estavam prontos? Escritos por quem? Talvez sejam uma goteira do céu apenas, no quarto vazio que conta a partida, chuva da rua cinza e casas baixas, ao vento papéis velhos, tremulas arvores, sons de passos medrosos que ando em busca de outra rua, mais clara, de claros olhos sem pudor onde a treva cesse. Uma boca de murmúrios, rosto pálido, mágicas mãos, frias agora, onde busco a ausência do sofrimento, um vago beijo de carinho. É a mesma, sempre nova, calada, crendo em mim. Caminho até um depois de amanhã que nunca chega. No quarto, a goteira... - (Dário B.).

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

ACONTECE.

ACONTECE. // Eu não posso. Não devo fazer. Mas acontece. De novo o exílio no teu corpo, na tua voz que me sossega a alma, o desejo ardendo em fogo brando, no teu cheiro que invento. A tua boca numa incandescencia rubra, o teu corpo transbordando em veneno. Eu não posso. Não devo. Mas a ação é diferente de quem a pratica. Bebo-me, no suor que pinga do lábio, devoro-me na fome do corpo, a alma pula como um feto febril, estanco o sangue vertido com minha sombra, e acontece. - (Dário B.).
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