quarta-feira, 22 de julho de 2009

ECO.

Quem escreverá a historia que podia ter sido? Agora quando grito para dentro de mim esperando pelo eco ouço apenas o vazio. Era um cofre que quase não se podia fechar de cheio, pobre esquife agora, restos de tábuas trabalhados as pressas. Vim ao mundo como quem é posto na roda dos enjeitados. Sem régua, compasso, bússola ou dez mandamentos. E embora sempre sentisse muito, nunca tive o que sentir. Toquei e vi mais do que meus olhos e agora tenho medo em pensar o que me restará disso. Cada momento é como sangue novo sob o velho açoite, é como querer beber o fundo do poço que não tem fundo, como navalhas que vem pelo ar com destino certo. E descubro que a vida enjoa. E tenho pena daqueles que rogam aos céus por longevidade e saúde. Pena deste amontoado de gente nas ruas, tão bem vestidos para cobrir a angustia interior, gastando maravilhados um dinheiro que não possuem em inúteis lindas coisas empilhadas nas vitrines. A vida enjoa e eu pasmo de o mundo não ter parado mesmo acontecendo tudo o que me acontece. Tem alguma coisa de errado nisso e eu só consigo pensar em como seria bom dormir, mas dormir a valer, per omnia sécula seculórum. - (Dário B.).
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...