sexta-feira, 29 de julho de 2011

O NÃO EXISTIR


Posso o ouvir o nada murmurando. Não fosse tão escura a noite talvez o visse. Tanto faz abrir ou fechar os olhos, é o mesmo nada, e sei tudo o que nele flutua. A consciência sorvida, o vasto frêmito do amor sugado, as sensações pilhadas. Meu corpo e meu sangue, um só rubro agravo. Tento ouvir algo dentro de mim, mas só escuto ecos da noite interna que tento calar, um surdo martelar ritmado que foge a razão. Um tragar aos sorvos a escuridão, onde não há antagonismos nem absurdos, não há nada. Um caos de universo impalpável, um vácuo, uma ausencia,  um nada que a tudo preenche. Talvez fosse assim o inicio, a síntese de tudo antes do Verbo. A Razão. O som do deslizar da lágrima pela face até a comissura dos lábios encobre o sussurro do nada. Bebo-me. – (Dário B.).




Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...