Acorda Poeta
Parasita da alma
Que a vida é um só momento
A vida é só tormento
É recolher os cacos da mãe
Que escaparam ao câncer
É vestir o corpo do pai
Que já não era o teu.
Acorda Poeta
Proxeneta da palavra
Que a vida é muco, bílis e escarro
Apoplexia, aborto e convulsão
Carquilha, petéquia, ulceração
Prurido no membro amputado
Célula vencida
Podridão.
Acorda Poeta de merda
Que na vida a tua ausência
Preenche uma lacuna
Estorvo, nada és, nada serás
Crês mesmo, que alguma falta farás?