terça-feira, 11 de maio de 2010

DESPERTAR

Breve momento em que a alma desperta

meu peito nu sobre teu peito

o eco de todos os gritos num só suspiro

e riso e choro não contidos

se fazem moldura

deste instante antes não vivido.

Eu estava imóvel e tu vieste

me carregando como o vento leva as folhas

numa curiosa tormenta de suavidades

dança nua do amanhecer.

Beijo de leve tua face adormecida,

tomo entre as minhas tuas mãos.

E nessa tão inocente entrega

abrem-se as asas contidas

num gesto livre e sereno.

Sobrevôo do desejo...

5 comentários:

  1. “Qué es poesia?... y tú me lo preguntas?... poesia... eres TÚ./
    Gustavo Adolfo Bécquer/


    Lindo teu blog! Que bom que eu o encontrei... Obrigada, Poesia

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  2. Simplesmente..apaixonante!!! Inspiradíssimo!!! Que mais posso te dizer?? Bravo!!! Bis!!!!!

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  3. Tudo o que tenho a dizer é que me lembrou uma poesia de Vinícius e, se bem amas este mestre tanto quanto eu, sabes que é um elogiozão e tanto. Mas você, claro, é muito melhor do que ele. (puxa-saco)

    Ausência

    Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
    Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
    No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
    E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
    Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
    Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
    Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
    Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
    Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
    Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
    Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
    Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
    Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
    E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
    Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
    Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
    E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
    Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

    Ana Blue

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  4. O despertar é um momento tão breve... e nesse recorte raro do tempo estão contidas todas as ânsias do (re) começar.

    (Sabe que é muito bom te ler?)

    =)

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