quarta-feira, 13 de outubro de 2010

É ISSO AÍ




É gente humilde, que vontade de chorar...
(Garoto, Vinicius e Chico.).





Para Ally, presente sempre presente, uma realidade diferente. 





Me pego pensando nas minhas gentes, agora bem mais do antes. Madrugada, são pedreiros, vendedores, estudantes. Costureiras, balconistas, cartomantes. Um corpo só agora, num bloco só, o apito, a corrida, as dormentes. As filas, os vagões, sufocantes. A pressa, a luta pra ganhar alguns instantes, pendurados, espremidos combatentes, esperando a redenção, das luzes cintilantes da sua estação. A rua, o clarão, os passos hesitantes, o desanimo, a busca, os patrões exigentes, as exigências humilhantes, a humilhação constante. A cabeça baixa, os olhos tristes são carentes, a mente insistente, casa, contas, filhos, o feijão, o frio, a cama dura, a aguardente. Sede, sofreguidão, alivio abrasante, mais vale ser ladrão, puta ou traficante, a gargalhada alucinante, a fantasia, o engano, a solução por um instante. Depois a noite com seu fardo estafante, a casa, o banho, o bocado restante, a TV, o crime, a mulher ausente. O escuro, o sono, o sonho, os únicos presentes. Não sei a quem pedir por eles, talvez ao Senhor dos Navegantes. – (Dário B.). 


4 comentários:

  1. Esse poema ficou muito bonito, cheio de sensibilidade pelo dia-a-dia que, de certa forma, também é o nosso... Fez-me lembrar dos mineiros do Chile...
    Obrigada pela dedicatória, mesmo que eu não mereça. rsrs

    Beijos =**

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  2. Ótimo, Dario! Gostei aqui do blog...
    Abraço

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  3. Gostei do poema... Caí aqui de pára-quedas e adorei o blog.
    Te sigo. =D

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  4. Aí! Isto é... saudades é ai! ai! ai! ai!
    "PAI, me deu saudades!"

    urGENTEmente!

    :)

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