sábado, 6 de novembro de 2010

BUSCA




Gosto das sombras porque é de dentro delas que venho à luz. Quando me canso pergunto quanto cansaço a vida ainda tem para me dar. Nem sei se é cansaço, um modo estranho de pensar talvez, uma espécie de desanimo, uma porção de desilusão, turbulência, percepções discordantes. Pela janela posso ver as arvores no quintal. Entre seus galhos umas quantas estrelas, e isso faz-me uma outra realidade, irisada, insubsistente. A vida é pouco ou demasiada para mim? Sabe me dizer se alma pode arder? Ou o que sobra dela, ao menos. Porque carrego isso, esse halito febril, como coisa da minha natureza. Carrego essa incerteza comigo, saber seria um sopro de frescor na minha fronte. Preciso de parentesco com os mistérios, irmandade com os enigmas, alimentar a esfinge na jaula. Chorar seria bom, mas não sei de onde vem as lagrimas. Nem sei se há lagrimas ou choro. A vida substitui-se por si como certos animais trocam de pele. Mas a essência persiste. Sabe me dizer se a alma arde?


8 comentários:

  1. suspeito que alma arda mais que o sopro do dragão...

    gosto do grau da sua voz, poeta.

    aquele abraço!

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  2. "A vida é pouco ou demasiada para mim?"
    Já me perguntei isso tantas vezes ...


    Quanto a alma , sim , ...acho que ela arde !


    BjãO!

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  3. E muitas vezes, ela mais que arde ,
    ela clama , reclama ...


    BjO, Bjo , BjO.

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  4. Quando me canso pergunto quanto cansaço a vida ainda tem para me dar.

    Nesta busca muito cansaço arderá...

    :)

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  5. singular a tua escritura, pejada de simbolismos e indagações atávicas,

    abraço

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  6. Vc escreve tão lindo... viver então, nessa ardência, se faz duma beleza indizível...

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  7. Dario, somente as almas especiais ardem, clamam, urgem...pela vida, pelo novo, pela existência. Lindo post. Bjs, meu querido. ;)

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