domingo, 21 de novembro de 2010

CARMINA BURANA

FORTUNA IMPERATRIX MUNDI
O Fortuna

O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis.
vita detestabilis,
nunc obdurat
et tunc curat;
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.

Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.

Sors salutis
et virtutis
michi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!




Fortune plango vulnera

 Fortune plango vulnera
stillantibus ocellis
quod sua michi munera
subtrahit rebellis.
Verum est, quod legitur,
fronte capillata,
sed plerumque sequitur
Occasio calvata.

In Fortune solio
sederam elatus,
prosperitatis vario
flore coronatus;
quicquid enim florui
felix et beatus,
nunc a summo corrui
gloria privatus.

Fortune rota volvitur:
descendo minoratus;
alter in altum tollitur;
nimis exaltatus
rex sedet in vertice
caveat ruinam!
nam sub axe legimus
Hecubam reginam.

FORTUNA IMPERATRIZ DO MUNDO

Ó Fortuna

Ó Fortuna
és como a Lua
mutável,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestável vida
ore escurece
e ora clareia
por brincadeira a mente;
miséria,
poder,
ela os funde como gelo.

Sorte monstruosa
e vazia,
tu – roda volúvel –
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
nebulosa
e velada
também a min contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.

A sorte na saúde
e virtude
agora me é contrária.
e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!




Choro as Feridas da Fortuna

Choro as feridas da fortuna
com os olhos rútilos;
pois que o que me deu
ela perversamente me toma.
O que se lê é verdade:
esta bela cabeleira,
quando se quer tomar,
calva se mostra

No trono da Fortuna
sentava-me no alto,
coroado por multicores
flores da prosperidade;
por mais prospero que  tenha sido,
feliz e abençoado,
do pináculo agora despenquei,
privado da glória.

A roda da Fortuna girou:
desço aviltado;
um outro foi guindado ao alto;
desmensuradamente exaltado
o rei senta-se no vertice –
precavenha-se contra a ruína!
porque no eixo se lê
rainha Hécuba.


Carmina Burana significa Canções de Benediktbeuern. Em meio à secularização de 1803, um rolo de pergaminho com cerca de duzentos poemas e canções medievais, foi encontrado na biblioteca da antiga Abadia de Benediktbeuern, na Alta Baviera. Havia poemas dos monges e dos eruditos viajantes em latim medieval; a obra já é vista como um lugar de magia, da busca de cultos e símbolos.
Esta cantata cênica é emoldurada por um símbolo de antigüidade – o conceito da roda-da-fortuna, em movimento perpétuo, trazendo alternadamente sorte e azar. Ela é uma parábola da vida humana, exposta a constantes transformações. Assim sendo, a dedicatória coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”), tanto introduz como conclui as canções seculares.
Você pode acompanhar aqui: http://www.youtube.com/watch?v=mDsffEtoF9A

4 comentários:

  1. estou escutando agora na versão da London Symphony Orchestra,

    abraço

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  2. Presença constante na minha "vitrola". Gosto sobretudo do In Taberna Quando Sumos e da maravilhosa transição final, que vai do delicado Dulcisseme, passa pelo esplendoroso Ave Formosíssima desaguando na explosão do Fortuna... final.

    Belíssima postagem.

    Grande abraço.

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  3. Carmina Burana, boa pedida! Deu vontade até de ouvi-la nessa quase tarde dominical...
    Abçs!

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  4. Tem um negócio pra vc no meu blog, com todo carinho!

    Bjos meus!

    Álly

    ResponderExcluir

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