sexta-feira, 12 de novembro de 2010

QUASE CINZA


Eu sei onde ladram os versos pelos ladrilhos
dos mistérios inexistentes.
Eu sei de que matéria essa sensação de derrota
é feita, moldada, entre instrumentos de tortura  
e pálpebras e espelhos amassados.
Eu sei dos que falam no escuro
a flauta da voz  
das fabulas.
Eu sei através do vídeo
o vácuo do sangue atrás e alem
da imagem, violentos planetas vomitando o drama.
Eu sei as tartarugas infinitas.
Os bodes expiatórios.
Os lavabos cheios de unhas vivas.
A eternidade do gesto humano
morrendo no longo tombadilho.
Sei das certezas e incertezas verdes.
Sei do resumo de tudo dançando na chuva mais cotidiana.
Só não sei do teu sorriso se diluindo em nuvem.
Só não sei do teu corpo quase infantil
de mulher amanhecida.
Só não sei do timbre de tua voz
entre borboletas e musgos fluindo do único verbo.
Só não sei do opalescente rastro de teus pés
entre cachoeiras apagadas.
Só não sei da galáxia a resumir vazia
o silencio mortal de tua alma quebrada.
Ai de mim,
que eras ouro e breve. –  (A/D)


4 comentários:

  1. tua poesia é uma grande descoberta, tateio cuidadosamente cada expressão...

    vivo prazer em te ler!

    beijo, poeta.

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  2. Lindo hino de um homem apaixonado ...


    Bjo.

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  3. Por mais que eu tente escrever minhas poesias, acho que não chegarei a este estágio.Isso é um dom indescutivelmente TEU, meu querido amigo. Parabéns.

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